Não é só de pace, distância e recordes pessoais que vive um corredor. A forma como você se sente durante os treinos pode ser decisiva para manter a consistência e alcançar resultados a longo prazo. Pesquisas mostram que quanto mais prazer você associa à corrida, maior a probabilidade de seguir treinando com regularidade.
Mas como transformar quilômetros que parecem pesados em experiências mais leves e até divertidas? A ciência oferece algumas respostas.
1. Aceitar o desconforto faz parte da evolução
Correr envolve lidar com algum nível de desconforto, seja físico ou mental. Um estudo publicado na revista Stress and Health indica que expor o corpo e a mente a situações desafiadoras pode aumentar a tolerância à dor e melhorar a percepção do esforço.
Pesquisadores usaram o chamado teste do balde de gelo, em que os participantes mergulhavam a mão em água gelada antes de pedalar em alta intensidade. O resultado foi surpreendente: ao já terem enfrentado um estímulo desconfortável, eles sentiram o exercício menos penoso.
Na prática, você não precisa colocar a mão no gelo antes de correr. Técnicas de atenção plena (mindfulness) também ajudam a lidar melhor com o desconforto. O segredo está em aceitar as sensações sem julgamento, entendendo que fazem parte do processo de evolução. Uma boa estratégia é respirar fundo e repetir mentalmente: “isso já está aqui, então vou apenas sentir”. Com o tempo, a mente aprende a ver o esforço como algo útil, e não como sofrimento.
2. Conectar a corrida a um propósito maior
Outra forma de aumentar o prazer nos treinos é dar um significado além do desempenho. Participar de provas com causas sociais, por exemplo, amplia a sensação de propósito.
Pesquisas com corredores de meia maratona nos Estados Unidos mostraram que a motivação para ajudar instituições de caridade era um dos principais fatores para inscrição e conclusão da prova. O vínculo emocional com a causa tornava cada quilômetro mais significativo.
Seja apoiando pesquisas médicas, projetos educacionais ou iniciativas ambientais, correr por algo maior que você mesmo pode transformar a percepção do esforço. E esse efeito se multiplica quando você compartilha o objetivo com amigos ou grupos de corrida, unindo propósito e pertencimento.
3. Descansar também aumenta o prazer
Pode soar contraditório, mas dar pausas estratégicas é fundamental para gostar mais de correr. Quando o treino vira obrigação, o prazer se perde. O corpo dá sinais: desmotivação constante, irritabilidade e até pequenos incômodos físicos podem indicar necessidade de descanso.
Isso não significa ficar parado. Trocar a corrida por atividades como caminhada, yoga ou pedaladas leves ajuda na recuperação física e mental, além de evitar lesões por excesso. Ao retornar, você provavelmente sentirá mais disposição e entusiasmo, redescobrindo o prazer pela corrida.
Corrida e prazer andam juntos!
A ciência deixa claro: consistência na corrida depende menos de força de vontade e mais de prazer. Aceitar o desconforto, correr com propósito e respeitar o descanso são estratégias simples, mas poderosas, para manter a motivação em alta. No fim das contas, correr não deve ser apenas um desafio físico, mas também uma experiência prazerosa que acompanha você por toda a vida.