
Na busca por evoluir, muitos corredores passam a vida tentando eliminar o que consideram “erros” nos treinos. Mas o que a ciência do esporte e a experiência de treinadores mostram é que nem sempre corrigir tudo é o caminho certo.
Alguns desses comportamentos, quando bem aplicados, podem fortalecer o corpo, evitar lesões e tornar a corrida mais sustentável a longo prazo. A seguir, veja seis hábitos com má fama que, na prática, podem ajudar seu desempenho.
1. Caminhar durante o treino não é sinal de fraqueza
A pausa para caminhar costuma ser interpretada como desistência. No entanto, incluir intervalos curtos de caminhada pode aumentar o rendimento, especialmente em treinos longos ou de ritmo controlado.
Ao permitir que a frequência cardíaca baixe entre os estímulos, o corredor consegue sustentar um volume maior e manter-se na zona aeróbica correta, o que favorece a resistência. Até em provas, a estratégia de alternar corrida e caminhada pode ser eficiente, desde que seja praticada nos treinos.
2. Começar devagar é o que vai fazer você chegar mais longe
A primeira quilometragem de um treino nem sempre precisa ser rápida. Reduzir o ritmo no início é uma forma inteligente de preparar o corpo: aumenta o fluxo sanguíneo, aquece os músculos e ajuda a encontrar o ritmo ideal. Quem sai muito forte tende a sofrer no meio da corrida. Por isso, aceitar que os primeiros minutos serão mais lentos é um sinal de maturidade esportiva — e não de falta de preparo.
3. Correr muitas provas pode ser positivo (se houver estratégia)
Participar de várias corridas ao longo do ano não significa exagero, desde que o corredor saiba diferenciar o que é “treino com número de peito” de competição real.
Alguns atletas utilizam provas curtas como parte do treinamento: fazem o percurso em ritmo controlado ou usam a estrutura do evento como estímulo de longão. O segredo é alternar intensidade e propósito. Correr com frequência pode manter a motivação em alta, desde que nem todo fim de semana seja uma tentativa de recorde pessoal.
4. Esteira pode salvar seu treino
Além de ser a solução em dias de chuva, frio ou horários noturnos, oferece segurança e controle preciso de ritmo, inclinação e intensidade. Para iniciantes, é uma forma de aprender a perceber o próprio esforço. Para corredores avançados, uma ferramenta de consistência: ajuda a manter treinos de ritmo exato e intervalados sem depender do relevo ou do clima.
5. Comer “besteiras” não é o fim do mundo
Nem toda alimentação fora do padrão “fit” deve ser encarada como erro. O corpo de quem treina intensamente precisa de energia — e, às vezes, uma fatia de pizza na véspera do longão ou um doce no pós-treino pode ser uma boa fonte de carboidratos de rápida absorção. O importante é entender o contexto: o excesso constante atrapalha, mas pequenas concessões estratégicas ajudam na recuperação e na reposição de glicogênio. Comer bem é mais sobre equilíbrio do que rigidez.
6. Faltar ou adiar um treino faz parte do processo
Sentir culpa por perder um treino é comum, mas nem sempre é algo negativo. O corpo precisa de descanso e, em muitos casos, uma pausa inesperada é o que evita o overtraining. Se a rotina apertou ou a fadiga acumulou, trocar o treino por um dia de recuperação pode ser mais produtivo do que insistir. A constância vem do conjunto da obra, não de uma planilha perfeita.
A performance está na consistência, não na obsessão
Ser um bom corredor não significa eliminar todas as imperfeições. Significa saber quando flexibilizar, quando ouvir o corpo e quando apertar o passo. A verdadeira evolução vem da constância, do equilíbrio e da capacidade de ajustar o percurso sem perder o foco.